Conheça a Biblioteca MOS
Acervo inclui exemplares raros e esgotados, centrados no universo da arquitetura
“Um conjunto que não está reunido ou acessível em outras bibliotecas de acesso público, composto tanto por livros raros e esgotados quanto por publicações internacionais recém-lançadas e pouco conhecidas.” Assim é a Biblioteca MOS segundo seus curadores, os arquitetos e urbanistas João Sodré e Juliana Braga, fundadores do sebo Berenice, e o arquiteto e fotógrafo Ciro Miguel. Aberto recentemente ao público na Loja MOS – localizada no Sabino, nosso edifício em obras em Pinheiros –, o local reúne um acervo de cerca de cem títulos e também sedia rodas de conversa em torno da literatura, da arquitetura e do urbanismo.
A seleção compreende cerca de setenta anos de história da arquitetura, com livros dos anos 50 até lançamentos recentes que abordam temas contemporâneos como reúso, materiais sustentáveis, integração ao meio ambiente e decolonização. “Nossa proposta foi a de reunir tanto uma visão abrangente sobre a produção internacional, contemplando pautas atuais e práticas variadas, quanto destacar um conjunto raro do modernismo brasileiro e confrontá-lo a novos olhares”, contam os curadores. Saiba a seguir quais são os eixos temáticos e conheça alguns dos destaques de cada um.
Eixos Temáticos
Primeiras edições, fac-símile e raros
É considerado o centro da coleção, dada a preciosidade e dificuldade de acesso às obras esgotadas e pouco vistas pelo público. A seção também estabelece chaves de leitura para estruturar os outros eixos, como explicam os curadores: “É a partir de suas obras que procuramos provocar rebatimentos, continuidades e oposições”.
Destaques dos curadores: “Podemos destacar os dois números especiais da Revista Acrópole sobre Brasília, publicadas em fevereiro de 1960 e agosto de 1970, nas quais confrontamos diversos projetos para a capital documentados em suas primeiras versões aos depoimentos dos arquitetos e registros dos edifícios dez anos depois de construídos. Outro destaque é a primeira edição da revista ABA (Arquitetura Brasileira do Ano), um número especial de 1968 dedicado à nova arquitetura do Amazonas, com projetos incríveis e pouco conhecidos de Severiano Porto e da arquitetura tradicional manauara.”
Modernismos
Reúne tanto produções que compõem narrativas historiográficas consagradas quanto obras que permitem outros entendimentos da produção moderna não hegemônica. “Nessa linha, apresentamos e contrapomos publicações clássicas da arquitetura moderna brasileira e internacional com abordagens em contextos muito distintos, amparados por uma pequena bibliografia teórica e crítica contemporânea”, dizem os curadores.
Destaques dos curadores: “Para além das monografias de arquitetos brasileiros consagrados produzidas por diversas editoras, destacamos Project Japan: Metabolism Talks, no qual Rem Koolhaas e Hans Ulrich Obrist entrevistam alguns dos arquitetos que participaram do movimento metabolista e reúnem um raro e vasto conjunto de imagens desse período. Além disso, indicamos o catálogo Charlotte Perriand: Inventing a New World, que documenta a grande exposição retrospectiva de sua trajetória realizada em Paris em 2019.
Debates contemporâneos
A produção atual está reunida em debates contemporâneos que contempla pautas da prática arquitetônica atual e obras arquitetônicas variadas que se relacionem com esses temas. O eixo é composto em grande parte por revistas e monografias de arquitetos, com exemplos de uma produção arquitetônica que vai além dos contextos europeu e norte-americano.
Destaques dos curadores: “Destacamos um conjunto das revistas revistas 2G, a+u e El Croquis, com a publicação de produções diversas como do Studio Muoto, Francis Kéré e Point Supreme; e, por outro lado, dois livros que são registros de pesquisas de campo organizados por Silvia Cauby – Habitações indígenas – e Marianno Carneiro da Cunha com Pierre Verger Da senzala ao sobrado: arquitetura brasileira na Nigéria e na República Popular do Benim.
Narrativas visuais
O eixo traz pesquisas de representação, leitura e compreensão dos espaços como um campo atual de investigação que se relaciona com muitas das práticas apresentadas na coleção. Segundo os curadores, é composto por “registros e catálogos de exposições e pela produção de artistas e fotógrafos que alimentam e tensionam o imaginário da arquitetura e sua representação”.
Destaque dos curadores: “Salientamos o instigante livro Buscando a Mies, no qual o colombiano Ricardo Daza parte de uma única fotografia para investigar e debater as relações entre a arquitetura, seu autor e obra.
A Biblioteca MOS fica na Rua Capote Valente, 1323, em Pinheiros. O horário de visitação é de segunda a sexta, das 9h às 19h e aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h. O acesso é gratuito e os livros devem ser consultados somente no local.
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