Sabino faz referência aos murais de edifícios modernistas
Mosaico criado por Rodrigo Cass especialmente para a fachada do edifício celebra o movimento arquitetônico do século 20
A fusão entre arte e arquitetura, que está enraizada na essência da MOS, caracterizou também a arquitetura modernista brasileira, que revolucionou o país no início do século 20, sobretudo entre os anos 1930 e 1960. Em São Paulo, uma das artérias do movimento foi a prática de convidar artistas para produzir murais em pastilhas nos prédios – algo também presente no nosso edifício Sabino, que terá uma obra especialmente criada pelo artista plástico Rodrigo Cass no mesmo material, até então inédito em seus trabalhos.
Nas primeiras décadas do século passado, a capital paulista passava por uma rápida transformação urbana e industrial, com novos arranha-céus e edifícios públicos surgindo por toda a cidade. Os arquitetos modernistas, liderados por nomes como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Affonso Eduardo Reidy, acreditavam que a arquitetura deveria ser uma expressão da cultura e da identidade brasileira, ainda que tivesse influência direta do movimento moderno europeu. Para alcançar esse objetivo, eles frequentemente convidavam artistas renomados a propor obras de arte para ocupar áreas comuns dos edifícios públicos ou comerciais.

Os murais em pastilha eram uma escolha popular pois permitiam a criação de obras de grande escala que podiam resistir a diversas intempéries. Artistas de renome deixaram suas marcas dentro e fora de edifícios importantes, como Emiliano Di Cavalcanti no Hospital das Clínicas, no Teatro Cultura Artística e no Edifício Jaraguá. João Kon, por exemplo, convidou artistas como Waldemar Cordeiro, Arcangelo Ianelli e Gershon Knispel para criarem murais em seus projetos em vários bairros paulistanos.
“Existem diversos exemplares de obras inseridas na arquitetura da cidade. Era comum que arquitetos e artistas produzissem juntos, especialmente entre as décadas de 40, 50 e 60”, explica Cris Candeloro, consultora de arte da MOS. “No centro da cidade e em Higienópolis há trabalhos de Cândido Portinari, Francisco Rebolo, Victor Brecheret e Clóvis Graciano, entre outros.”
Para além do caráter estético, os murais em pastilha também contribuíram para uma sensação de modernidade e identidade nacional e evidenciaram a colaboração entre artistas e arquitetos tão característica do período.
Para a fachada do Sabino, que já está em obras, o paulista Rodrigo Cass criou o mural em mosaico aplicado “Espaço Amoroso”, que será produzido pela Oficina dos Mosaicos e terá mais de 3 metros de altura e 11 de largura. “A obra parte de pesquisas anteriores de Cass em torno de formas, cores e texturas em uma nova mídia e escala. Na fachada do edifício, o trabalho em grandes dimensões se torna uma obra de arte pública, fazendo parte da paisagem da cidade”, explica Candeloro.
Resgatando o diálogo entre artistas e arquitetos, a peça foi concebida para fazer parte da paisagem da cidade, um espaço de reflexão e respiro para quem passa pela rua Alves Guimarães. Com essa e outras obras, a MOS reitera a crença de que a arte, quando integrada à vida cotidiana, promove novas formas de olhar para o mundo.
